sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

PAZ, EM CRISTO TEMOS!

"Muita paz têm os que amam a tua lei, e não há nada que os faça tropeçar." Salmo 119.165


Todos anelam por paz! Isto é fato.
Mas para que anelam por paz? Por qual caminho buscam a paz?
Isto é questionável. Discutível. Passivo de ponderação.

Para o mundo (refiro-me ao pensamento, filosofia, ideologia, religião) estar em paz, ou desfrutar de paz, significa ausência de guerra, intrigas, perseguições, e outro qualquer tipo de violência. Isto é uma parte, e diria, muito mínima da paz. Essas coisas são frutos de quem tem paz. Biblicamente a paz transcende estas coisas.
Paz não é algo que deve ser discutido, tratado, analisado - por mais que seja sempre este o caminho tomado -, mas de se ter no coração.
O salmista falou de quem fala em paz, mas não a tem no coração. Esse é um problema muito sério, e basicamente é o que domina o mundo.

"Não me arrastes juntamente com os ímpios e com os que praticam a iniqüidade, que FALAM DE PAZ ao seu próximo, MAS TEM O MAL no seu coração." (Salmo 28.3 Cf. 35.20 - destaques meus)


Desde a queda do homem, a violência está sobre a terra. A falta de paz é produto da quebra de uma aliança, de um pacto (Salmo 55.20 cf. Isaías 48.18). O homem tinha uma aliança com Deus, mas foi bruscamente rompida pelo pecado. Desde então a paz deixou de estar em sua plenitude.
O pecado trouxe isto, e permanecerá até que Deus, segundo Seu plano, intervenha totalmente sobre a obra das Suas mãos:


"[...] segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas" (2 Pedro 3.13; Apocalipse 21.4).

PAZ PARA QUÊ?
A paz tem sido discutida através dos anos. Governos, empresas, organizações, igrejas, instituições a tem discutido. De tempo em tempo, ou dependendo dos acontecimentos, levantam-se movimentos e clamores por paz. As próprias guerras acontecem objetivando mais paz e segurança. Mas o tiro sempre sai pela culatra, e a violência toma proporções irreparáveis. As guerras em nome da paz fomentam o ódio, a rivalidade, a competição e a injustiça. As guerras são arquitetadas dentro dos palácios, como também dentro dos presídios, com os mais diversos propósitos, mas geralmente de domínio.


Paulo escrevendo a Timóteo diz:

"Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, PARA QUE tenhamos uma vida tranquila e sossegada, em toda a piedade e honestidade. Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador," (1 Timóteo 2.1-4 Cf. Rm. 13.1-7)


O texto paulino diz tudo o que precisamos para entendermos a paz.


Volto as perguntas do inicio do texto:
Mas para que anelam por paz? Por qual caminho buscamos paz?
Isto é questionável. Discutível. Passivo de ponderação.


A exortação de Paulo para orações e súplicas objetiva uma vida tranquila e sossegada. Por mais que o pecado tenha abundado e o deus deste século domine este mundo, e próprio homem esteja inclinado ao mal (Êxodo 32.22; Oséias 11.7; Salmo 14.1; 53.1; 2 Coríntios 4.4; João 3.19,20), Deus exorta o Seu povo a clamar a favor de uma vida tranquila. A Igreja de Cristo tem um papel fundamental com relação a promoção da paz.


O governo tem sua parte em todo este processo e deve ter como alvo promover a paz. Biblicamente, é dever governamental manter a ordem e a tranquilidade, inclusive, precisando, com o uso de 'espada'. Solando Portela escreve

"os governos, portanto, recebem de Deus o poder de utilizar “a espada”, ou seja, de utilizar a força física contra criminosos. Deus é pela dignidade da vida humana e, por isso, delega ao estado a preservação das vidas dos cidadãos, dando a ele poder sobre a dos criminosos. Cabe aos governos, através de suas cortes, se constituírem nos vingadores legais da sociedade contra o crime. Ninguém tem a aprovação, pela Palavra, em nossa sociedade, de fazer justiça pelas próprias mãos. Na sociedade, a autoridade recebida de Deus é exercida pelo governo civil. Sem dúvida, de acordo com o texto magno de Romanos 13.1-7, os governantes têm a obrigação primordial de zelar pela ordem civil."


Quem não deseja uma vida tranquila? É um desejo justo.
Mas há uma outra questão a ser pensada.
Para que queremos isso? Para andar em festas? Em orgias? Em prostituição? Em bebedeiras? Distante de Deus? Desprezando Sua vontade e vivendo totalmente alienado dEle?
Vivemos o tempo em que o homem está tão centrado em si mesmo e nos seus desejos, que deliberadamente tem ignorado Deus.
A busca desenfreada pelo prazer - deleites, cobiças, adultério, prostituição - e a autopromoção - hedonismo - são propulsores da violência crescente em nossa sociedade, e resulta em violência, guerra, inveja, morte, infidelidade, inimizades - Tiago e Naum abordam esta questão (Tiago 4.1-3 cf. Naum 3.1-4).
O direito a quem tem, tem sido negado; a busca pelo ter e ter, tem feito a corrupção tomar proporções alarmantes; o poder e o dinheiro tem sido usado para manipular em favores pessoais; a desintegração familiar tem gerado pessoas problemáticas, carregadas de ódio, desejosas de justiça com as próprias mãos; a inversão de valores está sendo institucionalizada. Estas, somadas a muitas outras, tem multiplicado a violência (Habacuque 1.4).
Isaías escreveu que quando o direito é pervertido a povo se corrompe (Isaías 5.23; 10.2; 59.14,15). Estas coisas são resultados de uma sociedade cada vez mais alienada de Deus. E talvez, pior, INDIFERENTE para com Deus.
Paulo fala do objetivo: orar, suplicar PARA uma vida tranquila e sossegada em toda piedade e honestidade. Aqui temos a graça comum que Deus deseja derramar sobre a sociedade como um todo, é


"porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos" (Mateus 5.45).

Paulo segue dizendo que isto é agradável diante de Deus, ou seja, Deus se agrada, se compraz, se exulta diante da promoção da piedade e honestidade. Mas quando o que está em voga é o eu, o meu prazer, a minha satisfação, torna-se repugnante para Deus. Deus não compactua com esse tipo de atitude, de anseios egoístas (Provérbios 1.10-19 Cf. 6.16,18; Lucas 6:31).


"Pelo que o direito se tornou atrás, e a justiça se pôs longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas, e a eqüidade não pode entrar." (Isaías 59.14)


Antes de Noé construir a arca, Deus lhe disse que o homem corrompera todo o seu caminho diante de Deus, dando lugar à violência e à corrupção (Gênesis 6.11-13).
Portanto, quando o prazer pessoal torna-se um objetivo a qualquer custo, a violência é o fruto gerado por isso (Salmo 36.1-4 Cf. Isaías 32.6,7).


A PAZ É UMA QUESTÃO DE OBEDIÊNCIA A DEUS

"Escutarei o que Deus, o Senhor, disser; porque falará de paz ao seu povo, e aos seus santos, contanto que não voltem à insensatez." (Salmo 85.8 Cf. 2 Pedro 1.2)

Abraão, apesar de todos os infortúnios vividos, uns por sua culpa, outros pelas circunstâncias, andou - modo de vida - em paz (Gênesis 15.15); Faraó foi alvo da paz diante da Palavra do Senhor na boca de José, apesar das dificuldades previstas com os anos de fome que viriam (Gênesis 41.16); Ana obteve paz após ter a certeza da oração respondida (1 Samuel 1.17); num dos salmos lemos que, apesar de dificuldades, Deus dá livramento em paz (Salmo 55.18). O Senhor é Deus que estabelece a paz (Salmo 147.14 Cf. Isaías 26.12). A igreja, em seu nascedouro, apesar das perseguições, tinha muita paz e se multiplicava (Atos 9.31 Cf. Filipenses 4.7; Colossenses 3.15). Paz e justiça devem andar juntas (Tiago 3.18 cf. Isaías 32.8)
Há muitas passagens, mas estas bastam para mostrar que a paz é uma questão de estar de acordo com a vontade de Deus. Em obediência à Sua Palavra: MUITA PAZ tem os que amam a tua lei!


Sei que em nome de Deus e do cristianismo muita guerra tem acontecido. Mas esse nunca foi e não é o propósito de Deus. A ignorância (muitas vezes deliberada) tem sido a causa destas guerras em nome de Deus.
Uma rápida olhada na história do cristianismo mostra que a igreja teve paz em meio as mais variadas e violentas atrocidades contra os fieis. No entanto, nunca revidaram com a mesma moeda (Romanos 12.17; 1 Tessalonicenses 5.15; 1 Pedro 3.9). Pelo contrário, promoveram a paz, isso porque tinham paz com Deus.
Quando o homem ouve as palavras de Deus e não volta seu coração à insensatez, o resultado que se tem é paz.
O desejo por uma vida de piedade e honestidade, leva o homem a semear para tal. Os governos tem falhado, e muito, no seu papel como promotor e sustendador da paz. Talvez pela ganância por tantas coisas e pelo poder. Perdeu-se o alvo! Mas há uma esperança.


Pedro nos deixa um conselho sábio:

"Pois, quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano; aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atento à sua súplica; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal. (1 Pedro 3,10-12)


O Senhor ama atitudes nobres da parte do homem, e incentiva para que as tenha: amar a vida, não usar de engano, não falar aleivosamente, apartar-se do mal, buscar e seguir a paz.
O principio basilar para a paz é voltar-se para Deus, e a Sua Palavra, por meio de Cristo:


[...] porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude, e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus." (Colossenses 1.19-20)


Em Cristo está tudo o que precisamos para vivermos em paz. Lamentavelmente a sociedade distancia-se cada vez desta Palavra!

"Ora, o fruto da justiça semeia-se em paz para aqueles que promovem a paz." (Tiago 3.18)


Que Deus nos ajude!
Amém!
Adriano Wink Fernandes


quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

NEM DEUS REMOVE CERTOS ESPINHOS!

“Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.” - 2ª Coríntios 12:8-9


Há momentos, como hoje, que nos sentimos mergulhados em tristeza e contemplação mórbida. As incertezas nos assaltam de uma forma tão pesada que nos sentimos em situação de abandono e vazio intenso – coisas que se repetem de tempo em tempo: “Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim”.


Pode um cristão estar assim? Muitos diriam que não. Mas... pode!


O clamor de Paulo mostra que a vida nos reserva circunstâncias desagradáveis, e que muitas vezes lutamos à exaustão para vencermos espinhos que nos ferem constantemente, e por incrível que pareça, nem o próprio Deus os remove. Pelo contrário, permite que nos firam continuamente, e a única coisa que Ele bondosamente faz é derramar sobre o crente da Sua GRAÇA. Somente Deus consegue trabalhar com fraquezas, debilidades, pusilanimidades, desânimos, e através destes, aperfeiçoar nossas vidas, fazendo com que o poder de Cristo repouse sobre nós em muita fraqueza! A nós, resta ter boa vontade em gloriar-se nas fraquezas!

Adriano Fernandes